Ele atende por ‘Black’, mas nasceu Juracy Neves Rodrigues. Carioca, o piloto fez carreira no Paraná – onde foi campeão estadual em diversas categorias –, viveu temporadas no Japão e atualmente mora em Londrina (PR), cidade que irá receber a 7ª etapa do SuperBike Brasil entre os dias 20 e 23 de outubro.
O piloto de 47 anos, filho da dona Nelci, já fez de tudo um pouco na vida. Ainda garoto, aos 14 anos, juntou dinheiro e comprou uma mobilete. Os rachas com os amigos se tornaram uma das principais diversões da sua juventude, até que decidiu dar um passo importante e participar de um campeonato na categoria de 50 cm³ de cilindrada em um kartódromo. E foi neste momento que venceu sua a primeira corrida e tomou gosto pelo esporte a motor.
Atual detentor do título de campeão da SuperBike Light, Black decidiu subir de nível e nesta temporada do SuperBike Brasil disputa a categoria SuperBike Pro Estreante, que compete nos mesmo grid com os melhores pilotos do país. E se quando garoto, Juracy não tinha apoio da família e corria escondido da sua mãe, agora faz a vida no esporte como piloto profissional e no comando da escola de pilotagem.
Mas foi no continente asiático, imerso na cultura milenar e berço das principais montadoras de motocicletas do mundo que Juracy foi ‘batizado’ com o nome de ‘Black’. Por oito anos o piloto viveu no Japão, quando se mudou para lá com sua, à época, esposa, uma descendente de japoneses. Após aprender a falar o idioma, em 2002 tirou a licença de piloto de motovelocidade e participou do Campeonato Nacional Z Nihon na categoria 400 cm³.
“Quando me inscrevi tinham 96 inscritos e largavam apenas 48 pilotos. Eu consegui grid na 38º posição e terminei a prova em 28º”, recorda.
Nesta época, Juracy conheceu de perto circuitos mundialmente famosos como o Twin Ring Motegi, Circuito de Suzuka e Fuji Speedway. Mas a vida não tinha exclusividade nas pistas. Ele foi para o Japão com o intuito de obter um emprego. E as fábricas lhe abriram as portas. Juracy começou trabalhando com eletrônica, na montagem de telas de cristal líquido, depois assumiu o comando das empilhadeiras nos depósitos e por fim como caminheiro, na outra ponta do processo, conduzindo as entregas.
E foi justamente nestas passagens trabalhando em empresas multinacionais, como a Sharp, Xerox e Honda, que recebeu a alcunha de ‘Black’. Não é de se admirar que a cor da pele o tenha destacado dos demais funcionários com o biotipo tradicional asiático e de alguns outros brasileiros descendentes de japoneses. Por ter origem negra, os colegas começaram a chamá-lo por ‘Black-san’ – este último, um título usado para se referir a pessoas de mesmo nível social. Mas o apelido pegou de vez somente quando Juracy voltou ao Brasil em 2009.
“Tínhamos um grupo de moto. E já tinha o Pretinho e o Neguinho na turma. Então falaram que por ter vindo do Japão eu era ‘metido’, que eu era o Black. E assim pegou”, relembra.
Passados alguns anos e já com o nome bastante consolidado, Juracy Rodrigues “Black” (#560), da equipe Black Day Racing Team, se prepara para correr mais uma vez em casa na disputa da 7ª etapa do SuperBike Brasil, prova que será realizada no Autódromo Ayrton Senna, em Londrina, no penúltimo final de semana do mês de outubro. E as recordações são boas para o piloto. Na temporada passada, venceu as duas rodadas disputadas em solo londrinense e ainda obteve as respectivas poles.