A sensação ao cruzar a linha de chegada de Interlagos no último domingo (2) teve um sabor diferente para Davi Gomide (#31). Ao terminar a corrida da Yamalube R3 Stock com um pódio, o piloto se despediu do SuperBike Brasil após seis anos de dedicação e muita velocidade. Com uma história marcante no SBK, o jovem de 17 anos decidiu trocar as pistas para focar em um novo objetivo: a faculdade de medicina.
“É um adeus provisório”, resume Davi, que fechou na quinta posição em Interlagos. Ao subir ao pódio, ele foi homenageado antes de encerrar o ciclo nas pistas.
O adeus de Davi deixa um legado importante no SuperBike Brasil. Isso porque ele conta um título único entre tantos jovens que aceleram no maior campeonato de motovelocidade das Américas. Em 2013, Gomide foi a primeira criança a se inscrever para ingressar no SBK na então recém-criada Honda Junior Cup.
Seis temporadas depois, Davi se despede da motovelocidade com a sensação de dever cumprido. Neste período, o piloto atingiu números de respeito. Colecionou 57 largadas, 44 pódios e 9 vitórias. Viajou pelo país para correr em mais de uma dezena de circuitos e teve a oportunidade de acelerar em um circuito internacional, quando participou da seletiva da Red Bull Rookies Cup, em 2016, na Espanha.
“No início do ano eu já tinha decidido que ia parar. A ficha só caiu quando eu cruzei a linha de chegada. Foi muito bom, sensação de dever cumprido. Esse ano foi muito bom com a Yamaha, e essa última corrida, com mais um pódio, foi sensacional”, conta.
No tempo que esteve no SuperBike, Davi teve diversas experiências. Ele iniciou com motos 150cc na Junior Cup, disputou duas temporadas de 500cc e recebeu o convite para fazer parte de um projeto inovador em 2017, na disputa de motos stock 300cc da Yamaha.
Ao contar a sua trajetória, Davi Gomide cita momentos marcantes. “Lembro até hoje da minha primeira corrida na Junior Cup”, comenta o piloto, relembrando a etapa inaugural da categoria em Interlagos, em 2013. “Quando comecei, lembro que nem sabia soltar a embreagem da moto, nunca tinha andado com uma moto de embreagem. Amadureci muito. Aprendi a ter responsabilidade, coragem, a ganhar e a perder, lidar com a pressão, e isso foi o principal”, completa Davi, que também faz questão de citar pessoas que o incentivaram nessa fase. A primeira referência do jovem foi o pai, que também era piloto.
“Meu pai já corria. Quando ele parou, me deu uma moto”, relembra. “Ele influenciou muito nessa história. Parar nunca foi uma decisão fácil. Sofro muito com isso porque amo estar nas pistas, mas minha família sempre me apoiou.”
O pai de Davi, Rafael Gomide, também guarda com carinho a experiência vivida pelo filho.
“Pra mim, ele é um vencedor. São poucos os adolescentes e crianças que tem coragem de acelerar no nível que o Davi acelerou nestas seis temporadas. Ele cresceu bastante, ficou pesado, o que é uma dificuldade a mais nas categorias de baixa cilindrada. Mesmo assim, foi muito competitivo e ganhou três títulos”, ressalta. “Mas o que mais conta em toda esta trajetória é o aprendizado que ele vai carregar para o resto da vida. Davi entrou uma criança no SBK. Saiu um homem”, completa.
Agora, Davi Gomide foca nos estudos para entrar na faculdade de medicina. Ele espera também poder matar a saudade das pistas em algumas oportunidades.
“Pretendo arranjar uma equipe para fazer algumas etapas em 2019, mas disputar o campeonato não é uma realidade neste momento. Vou focar em medicina”, conclui.
O SuperBike Brasil agradece e deseja sorte a Davi em sua nova etapa!