Ao cruzar a linha de chegada da segunda corrida no Autódromo Ayrton Senna, em Goiânia, pela 6ª etapa do SBK Brasil, Cleber Pires (#76) conseguiu o seu melhor resultado no maior campeonato de motovelocidade das Américas. O piloto da Tom Racing Team, que corre na SuperBike Light e ficou com a segunda colocação na ocasião, já projeta 2019. E quer brigar pelo título.
Aos 42 anos, o executivo de Curitiba corre a terceira temporada no SBK. Ele, que já foi motoboy de dia e entregador de pizza à noite e superou um acidente grave em 1997, lida com a vida de empresário e participa do campeonato por completo pela primeira vez.
“A expectativa é das melhores. Em 2018 estamos fazendo o campeonato completo e pegamos alguns pontos que precisamos melhorar, mudar. Em 2019 a intenção é permanecer na Light, talvez ir para a Evolution, não tem ainda essa definição. Mas, em qual categoria for, a gente vai para brigar pelo campeonato. A gente vai entrar pensando em campeonato, e não mais somente em participar”, projeta.
Em 2016, quando estreou no SuperBike Brasil, participou apenas de três etapas. Situação similar ocorreu no ano seguinte, quando ainda iniciava a trajetória na motovelocidade. Hoje, Pires, que administra três empresas, luta para manter a boa forma e, quando sobra uma brecha na agenda, aventura-se também nas pistas de terra.
“Não vivo da motovelocidade. É mais um hobby. É claro que detém toda a dedicação, mas não é minha atividade principal. Sou empresário, administro três empresas e é onde eu vivo o meu dia a dia mesmo. Foras das pistas tento manter meu condicionamento físico, faço academia todo dia, e quando tenho um tempinho brinco de Velocross, Motocross, para estar em cima da moto, estar pilotando. Minha vida, fora das pistas, é de executivo, podemos dizer assim”, conta.
Se atualmente o piloto faz projeções e comemora o segundo lugar na SuperBike Light em uma das corridas na etapa de Goiânia, na qual classifica como “bem especial” até por ser a primeira experiência no circuito, o piloto teve de superar um trauma na adolescência.
Em 1997, quando tinha 21 anos, Cleber Pires caiu da moto que acabara de comprar, quebrou braço e perna, lesionou o rosto e ficou hospitalizado por quase um mês. Superado o acidente sem nenhuma sequela, fez da paixão por velocidade em duas rodas o seu trabalho. Para delírio da mãe.
“Um acidente sério, fiquei uns dez dias em coma, depois 15 hospitalizado, foi bem sério. E minha mãe comentou: ‘Dos males, o menor. Pelo menos sofreu esse acidente e nunca mais vai querer saber de moto na vida’. Mas, destino da vida, voltei sem sequela. Daí, anos depois, voltei a trabalhar e vim a ser motoboy. De dia entregava documento, à noite entregava pizza. É uma curiosidade da minha vida”, revela.
O piloto, que conta com diversos patrocinadores (CL Brakes, Annitori Racing, Matris Dampers e MWR Air Filters), subiu ao pódio da SuperBike Light em cinco das oito provas disputadas. Na classificação geral da categoria, ele ocupa a quarta colocação.