Piloto da Dezeró Racing relembra suas quedas, conquistas e explica origem do apelido
É comum as pessoas automaticamente associarem a palavra “Kamikaze” ao grupo de pilotos suicidas da época da Segunda Guerra Mundial. Porém, no SuperBike Brasil, o termo originário japonês, que significa “vento de Deus”, em português, remete a algo completamente diferente. Isso porque o piloto Pedro Henrique, o Kamikaze, herdou tal apelido justamente por ser destemido.
“Nos treinos eu caía bastante e não desistia. Houve treinos em que cheguei a cair três vezes no mesmo dia e continuei andando. Então o pessoal falou que me acompanhava passou a me chama assim, por eu eu cair e querer continuar. Kamikaze não é pejorativo. Nunca cai para derrubar ninguém ou algo desse tipo. Na verdade, o apelido veio porque eu não desistia, não me amedrontava. É porque eu busco a vitória sem medo”, explica.
E é assim que o piloto da Dezeró Racing vem escrevendo sua história no maior campeonato de motovelocidade das Américas. “sem medo”. Os tombos sempre fizeram parte de sua vida sob duas rodas, mas isso nunca foi o suficiente para o intimidar. Há exatos dez anos, Pedro estava andando com sua moto em seu bairro, quando um carro entrou na contramão e o acertou. O acidente não só trouxe danos a seu corpo, como acabou comprometendo sua moto completamente.
Depois disso, o Vento de Deus ficou sem ter uma moto própria até o ano de 2019, quando um prestador de serviço de sua empresa sugeriu que ele comprasse uma moto para fazer um curso de pilotagem, em Registro. “Lembro que nesse curso, no primeiro dia já estava raspando os joelhos dos dois lados. Inclusive, raspei até a carenagem da moto. Até o instrutor ficou impressionado, me dizendo que eu levava jeito”, conta.
E como levava. Depois do curso, o Kamikaze se aventurou em um trackday, realizado no Autódromo de Interlagos, também chamando atenção dos que estavam acompanhando. “Fui na última etapa, em 2019, para conhecer. Achei muito fera”, confessa.
Então, o guarulhense se preparou para participar de uma etapa para sentir a emoção. E o que era para ser só uma “ficada”, hoje se tornou um caso de amor. “No ano seguinte teve a pandemia, aí lembro que começou tarde, por conta disso. Até por isso, lembro que já estava mais preparado e até entrei na categoria escola. A princípio eu ia entrar em uma etapa só, para ver como que era. Mas como eu ganhei, fiquei muito empolgado. E nessa eu achei que não tinha largado legal, aí quis fazer mais uma para ver se eu largava melhor. Então na segunda eu ganhei de novo. Então, eu considerei que já dava para entrar em campeonato. Aí continuei e fui campeão. Ano passado ganhei todas as corridas na Escola Estreante”, relembra.
E se engana quem acredita que o destemido piloto está se dando como satisfeito. Por conta de seu espírito competitivo, ele está buscando cada vez mais sua evolução. “Esse ano estou na Extreme. Estou indo bem, evoluindo. O que me motivou foi a competitividade. Sou um cara muito competitivo. Me apaixonei pelo esporte quando andei a primeira vez na pista”, afirma.
Enquanto competia pela sétima etapa, que aconteceu em Potenza, Pedro Henrique acabou sofrendo uma queda e quebrando a clavícula. No entanto, como já provou inúmeras vezes, não vai ser uma queda que irá parar o destemido Kamikaze, o Vento de Deus.