“Impressionante”, comentavam alguns. “Inacreditável”, diziam outros. “Espetacular”, conversavam os mais empolgados. Quando dos boxes é possível presenciar essas reações, significa que algo realmente surpreendente está acontecendo nas pistas.
Foi nessa atmosfera que o público acompanhou a 3ª etapa da categoria SuperBike EVO, no último domingo (15), no Autódromo de Interlagos. O motivo de tanta euforia: Raphael Santos, da JC Racing Team, mesmo depois de ter problemas na largada que o deixaram muito para trás dos adversários, fez uma belíssima prova de recuperação e, mais do que isso, conseguiu terminar na segunda colocação da categoria e agora lidera a EVO.
Por mais que a corrida em questão tenha sido uma amostra notável do talento do piloto, reações como essas são uma constante na sua carreira. A ascensão meteórica do número 65 sempre provocou encanto em quem o acompanha desde que ele começou a frequentar as competições.
“Em 2018, assistindo um trackday resolvi me inscrever na última etapa da categoria SuperBike Escola. Logo nessa primeira experiência, fui picado pelo bichinho da competição e estou no circuito completo desde 2019”, comenta. “Fui me dedicando bastante nos treinos e logo nesse primeiro ano os resultados foram vindo. Briguei forte pelo título da categoria Escola, até que recebi uma punição”, que segundo a opinião do piloto, foi uma punição “totalmente contestável que custou o troféu daquela temporada”, lamenta.
Felizmente, esse acontecimento serviu de combustível para impulsionar o crescimento do piloto. Em 2020 foi campeão da categoria Light e no ano seguinte conquistou o bicampeonato. “Aquele episódio me motivou muito para me dedicar ainda mais e me superar em cada etapa. Fui buscando coaching e tentando absorver todo o conhecimento de pilotos profissionais que eu admiro. Meu primeiro coaching foi o Lucas Dezeró, depois o Lucas Torres. Também fiz um trabalho muito produtivo com o Rafa Paschoalin e hoje venho fazendo esse acompanhamento com o Léo Tamburro e isso vem sendo fenomenal e muito importante para o meu desenvolvimento como piloto”, analisa.
Esse trabalho, aliás, Raphael julga ser a parte mais importante para a formação da carreira de bons pilotos e dá a dica para quem quer obter sucesso na motovelocidade: “Acredito que todos os pilotos que estão pensando em entrar no esporte deveriam investir em treino e em conhecimento. E esse conhecimento não é sozinho que você consegue adquirir, é através de pilotos que já são mais treinados e têm alguns anos de pistas. Para você ser um bom profissional, tem que ter tido uma boa escola. E para ter uma boa escola, você tem que ter bons professores. Todo mundo que pensa em virar piloto, seja por hobby ou em nível profissional, deveria se preocupar com sua formação e com sua base”.
Além do coaching e dos treinamentos intensos, o piloto também credita o sucesso ao seu estilo de pilotagem, que considera cautelosa no ponto certo. Ele também se sustenta nas estratégias bem elaboradas para alçar voos cada vez mais altos e duradouros.
“Todos os coachs com os quais trabalhei me falavam que eu precisava soltar mais minha agressividade. Eu tenho um nível de segurança muito alto, então isso algumas vezes acaba me deixando mais lento. Mas eu acredito que me saio bem nas corridas, consigo manter a calma e canalizar toda a minha energia para ter um resultado bom. Não costumo me arriscar à toa”, observa. “Sempre acho que pontuar é mais importante do que acabar me arriscando. Tento me planejar para a temporada inteira e fazer estratégias que sei que vão gerar algum resultado pensando no todo da temporada. Sei planejar e me preparar para o ano inteiro traçando a melhor estratégia”, finaliza.