Piloto da PSBK relembra dificuldades até chegar a sua primeira vitória e revela o que foi mais importante na conquista
Mateus Bezerra,
Especial para o SuperBike Brasil.
A primeira vitória e o primeiro título são marcantes na vida de qualquer piloto. Trata-se de um divisor de águas entre quem você foi, até aquele momento, e quem você será daqui para frente. É “especial”. Palavra que Ayrton Senna usou para definir sua primeira vitória, no Estoril, em Portugal, no ano de 1985. Expressão que Felipe Gonçalves repete, mesmo sem saber, após conquistar o título de campeão do SuperBike 2020, da SuperSport 400cc.
“Sempre andei com moto de baixa cilindrada, R3, Ninja 300. Entrei no SuperBike em 2016 e, desde então, venho disputando a competição todo ano. Mas 2020 foi especial, por ser meu primeiro título, o primeiro ano em que consegui me destacar. Até então, tinha ganhado apenas uma corrida, conquistado três ou quatro pódios, mas nada assim igual esse ano. Por isso, foi um ano muito especial para mim”, afirma.
Salvo as devidas proporções na comparação, existem mais algumas coincidências, além do fato de Felipe ser uma forte promessa na motovelocidade, que se assemelham entre o jovem piloto do SBK e o maior ídolo brasileiro do automobilismo. Na prova de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, etapa que antecedeu sua primeira vitória da carreira, Senna foi obrigado a abandonar a corrida devido uma falha elétrica em seu carro. Felipe, por sua vez, não abandonou a prova, mas problemas técnicos em sua Kawasaki Ninja 400 o atrapalharam. “Em Interlagos, na primeira etapa, minha moto apresentou problemas e, por isso, não consegui ter um bom desempenho na corrida. Acompanhei o primeiro pelotão, mas não consegui escalar” relembra.
Além disso, momentos antes da corrida em Portugal, o carro de Senna continuava a enfrentar dificuldades e os problemas foram solucionados de última hora. Os momentos que antecederam a primeira vitória de Gonçalves também foram cruciais. Sua moto apresentava complicações que foram sanadas no warm-up. Não à toa ele considera tal vitória a mais importante. “A sensação é indescritível. Todas as vitórias foram importantes. Mas eu considero a de Goiânia a mais importante. Estava largando em quarto e, por termos conseguido solucionar um problema que a moto apresentava, logo no warm-up, abri boa vantagem na corrida. Foi a primeira prova que consegui despontar e foi muito bom, uma sensação indescritível, meio que de dever cumprido e trabalho recompensado”, explica.
Assim como todo atleta que quer chegar ao topo, o piloto da equipe PSBK ressalta que seus treinos foram fundamentais. Principalmente devido ao local de treino. “O que fez mais diferença, era que eu não treinava em autódromo. Por mais que eu costumasse a ir em kartódromo toda semana, ou pelo menos umas duas vezes no mês, acredito que os treinos em autódromos me ajudaram e muito”, reforça.
Porém, apesar dos treinos em autódromos, existe ainda o principal pilar para esta conquista inédita e tão importante. Para Felipe Gonçalves a resposta está fácil. “Meu pai. No caso ele é meu chefe de equipe, ele que cuida da minha moto, de tudo. Suspensão, calibragem, absolutamente tudo. Ele quem decide o momento em que o treino tem que ter mais intensidade ou ir mais ‘de boa’. Ele também trabalha muito o psicológico. Sabe como me deixar calmo, concentrado e como me preparar para um fim de semana de corrida”, conclui.